domingo, 11 de abril de 2010

A MULHER E A PROSTITUIÇÃO

Nesta Semana de 11 até 18 abril vamos tratar  da prostituição, uma das profissões mais antigas da humanidade, suas relações culturais com as mulheres em nossa sociedade ocidental globalizada.

A pergunta chave desta semana è:  

A necessidade econômica é o único fator que leva as mulheres se tornarem prostitutas?

A biografia da ex-prostituta Bruna Surfistinha pode nos ajudar a refletir sobre esta pergunta 
Raquel Pacheco Machado de Araújo, mais conhecida pelo pseudônimo de Bruna Surfistinha, (Sorocaba28 de outubro de1984) é uma ex-prostituta e atualmente modelo, que também atuou em um filme pornográfico, que se tornou famosa através da Internet a partir de 2005 e escreveu um livro sobre sua vida, O Doce Veneno do Escorpião, que se tornou um best-seller no Brasil.

Bruna Surfistinha ganhou milhares de acessos ao montar um blog onde narrava sua vida, do que fazia com seus clientes. Esse blog logo atraiu a atenção dos internautas, atingindo cerca de dez mil visitas mensais ao site. Em pouco tempo atraiu também a atenção da imprensa.

Imitando os diários de adolescentes, ali ela deixava anotadas algumas de suas experiências. O relato de uma prostituta não é novidade, mas pela primeira vez os internautas podiam acompanhar sua evolução.

Realizou, ainda, vídeos pornográficos, sem tanto sucesso.
Em pouco tempo a história ganhou contornos de romance, quando um de seus clientes, João Paulo, apaixonado, abandona a esposa para viver com Raquel. Com a fama da namorada, ele chega a ser entrevistado em um dos talk show do Brasil: o programa de Jô Soares.

No dia 27 de abril de 2006 o jornal The New York Times publicou um artigo sobre o fenômeno, cuja tradução do título seria Aquela que controla seu corpo pode irritar seus compatriotas, assinado por Larry Rohter, que comenta o fenômeno que se tornou o livro de Bruna no Brasil.
 Raquel Pacheco foi adotada, e aponta a descoberta deste fato como uma das causas para, aos 17 anos, fugir de casa, usar drogas e prostituir-se. Informa que nunca teve falta de bens materiais, e que gozava de boa educação, em colégios particulares de São Paulo como o Bandeirantes.

Atendia os clientes em bairros nobres da capital paulista, numa média de quatro por dia. Foram mais de 3 anos de atividade ininterrupta que, graças ao blog, não apenas deram-lhe notoriedade.

 Em 2005, ainda sob os auspícios da fama de seu blog, Surfistinha faz publicar um relato de sua vida. o livro intitulado: "O Doce Veneno do Escorpião - O Diário de uma Garota de Programa", seria uma descrição não-fictícia da vida cotidiana de  uma prostituta.

Depois de lançado, o livro rapidamente alcançou a lista dos mais vendidos, com concorridas noites de autógrafos e lançamento em Portugal e na Espanha, além de ter várias tiragens. As vendagens atingiram a soma de 250 mil exemplares.

No ano de 2006 um segundo livro de Raquel, "O que Aprendi com Bruna Surfistinha", lançado pela mesma editora Panda Books, alcançou vendagem de 18 mil exemplares, considerado bom para o mercado brasileiro .

No ano de 2007 é lançado o terceiro livro da série escrita por Raquel Pacheco, intitulado "Na cama com Bruna Surfistinha", na qual se tem material escrito especialmente para o público adulto, sendo que há inclusive a indicação etária na capa do mesmo.

Um filme baseado na historia de Bruna Surfistinha foi aprovado pelo Ministério da Cultura do Brasil. O nome do filme será o mesmo de seu livro "O doce veneno do escorpião" baseado em sua autobiografia, não terá conteúdo de sexo explícito, pois terá um caráter educativo.

O filme será dirigido por Marcus Baldini com roteiro de Karim Ainouz e Antonia Pellegrino e será produzido pela TV Zero.

A seleção do elenco começou em outubro de 2007, com a gravação do filme em 2008 e a estréia prevista para o ano de  2010.

Existem  especulações que quem interpretará Bruna Surfistinha no cinema será a  atriz da Rede Globo  Déborah Secco.

segunda-feira, 5 de abril de 2010

AS MENTIRAS FEMININAS NO RELACIONAMENTO.

De 1 até 10 de abril vamos refletir sobre mentira nos relacionamentos amorosos, onde o senso comum da sociedade faz uma competição de gêneros entre mulheres e homens para se verificar quem mentem mais.
O mês de abril que dedica o seu primeiro dia como dia oficial da mentira. 
As pessoas, geralmente, nesse dia aceitam a mentira com se fosse uma  brincadeira de criança. Elas contam piadas e mentem como se estivessem falando a verdade. 
Mas nos demais dias dos mês e do ano, as pessoas esperam que mulheres e homens sejam verdadeiros e sinceros nas suas relações afetivo-sexuais. 


Mas, infelizmente, quando se trata de mentir nos relacionamentos amorosos, ambos os sexos são recordistas desta modalidade que fere muitos  corações apaixonados.  
Questão Chave: 
Por que as mulheres mentem mais que os homens nos seus relacionamentos afetivo-sexuais?

Para ajudar a refletir sobre esta pergunta chave segue abaixo trechos da crônica do cronista gaúcho Gabito Nunes que trata deste assunto.
Se as mulheres pudessem escolher um superpoder, teriam o dom de controlar as emoções. Nada de invisibilidade, voar ou capacidade de voltar ou adiantar o tempo. Controlar as emoções.
Para isso sim elas dedicam boa fatia da concentração. Incorporam Uri Geller, sempre tentando desentortar seu coração pirata com o poder da mente. Ou com o da mentira.

Blasfemam todos os dias contra suas intenções românticas, jogando no ventilador falácias que nem o espelhinho de bolsa acredita. A mulher que negar sua natureza de amor é tão coerente quanto regar uma planta de plastico.

O AMOR É UMA ILUSÃO - Mentira! Se fosse verdade, você nem estaria lendo este texto. Pior, você nem estaria fora da cama. Tudo em sua vida acontece por força deste sublime sentimento. Ele lhe faz cortar as pontas dos cabelos, demolir seus pés em salto 15 em troca de salário e trocar ovo mexido por granola toda manhã.

EU ME BASTO - Mentira! Tanto é verdade que seu período "me bastando" é caracterizado por uma coleção de felinos, discos de trilha sonoras de novelas da globo, 24 horas de internet sempre online e a permanente dúvida sobre entrar ou não naquela sex shop para perguntar o valor do vibrador de imersão pendular, com 36 rotações por minuto,- inclusive - você já apelidou de Ricardão. O Shrek também se bastava...

NUNCA MAIS VOU NAMORAR - Mentira! Mesmo você tendo abrigado uma matilha de cafajestes, namorados ruins de cama ou relacionamentos sem açúcar, sal ou pimenta, você sonha trocar a companhia das barras de chocolate Laka pela companhia amorosa de um bom rapaz ao assistir "Um Lugar Chamado Nothing Hill" em noite fria de sexta-feira.
SÓ QUERO SEXO CASUAL - Mentira! Todos gostam de satisfazer suas necessidades carnais momentâneas. Assim como de vez em quando dá uma vontade louca de jogar ping-pong. Porém você sabe que ficar raqueteando a bolinha contra o muro perde a graça depois de algumas vezes. E que emocionante mesmo é receber de volta uma bolinha igual a que você jogou.

EU NÃO QUERO ME APAIXONAR - Mentira! A paixão é a gasolina que mantém suas pupilas dilatadas, seu sorriso largo, sua tez branda e seus lábios naturalmente rubros. Sem contar que você sabe que estar apaixonada lhe ajuda a perder os quilinhos que você adquiriu quando substituía este sentimento tomando leite condensado direto da lata. A mulher que não hospeda ou anseia uma paixão é como um trem fantasma. Se existe, é assustador.

EU GOSTO DE CAFAJESTES - Mentira! A razão desta afirmação pode ser uma síndrome psíquica que a obriga sabotar qualquer indício de felicidade dentro seu coração, ou que você tem problemas de autoestima e julga não ser digna de um cara bacana.
Você pode até ter aquela sede de ser pega pelo braço à moda Clark Gable em "E O Vento Levou" ou está na fase de aproveitar a juventude. Mas não à toa deixou de gostar de Tom & Jerry a algum tempo.

NÃO PENSO EM ME CASAR - Mentira! Muito embora o relacionamento de seus pais e todos aqueles que você conhece tenham acabado em divórcio, camas separadas, solidão assistida, auê no meio da rua ou traição despudorada, sua intuição lhe diz que pode fazer melhor e provar a si mesma e ao mundo que é possível reeditar a história do “felizes para sempre".

SÓ QUERO BALADAÇÃO - Mentira! A menos que seja uma fã de "Flashdance" ou seu pai lhe trancou no porão de casa até os 25 anos, a única razão que explica sua febre por casas noturnas é provar para si mesma o quanto você é desejada pelos homens ou possui uma vida social ativa.
Chega a contar no caderninho quantos caras te passaram uma cantada ou tentaram   te roubar um beijo. Contrariando a Cindy Lauper, garotas não querem só se divertir. Mas serem abraçadas, acariciadas, fazer amor e serem admiradas por alguém que valha a pena.

Para quem discordar, antes proponho um teste: assista a trilogia "O Diário de Bridget Jones" antes de se manifestar (se estiver na TPM, aguarde uns sete dias para fazê-lo).
Beijo à todas e desculpa qualquer coisa.

A ESPOSA TRAÍDA PELA PROSTITUIÇÃO (A PRIMEIRA MAIS VIZUALIZADA- DESDE ABRIL DE 2012 ATÉ NOVEMBRO-2013)

O tema A ESPOSA TRAÍDA PELA PROSTITUIÇÃO é primeira do ranking das 10 (dez) mais vizualizadas desde abril de 2010 até novembro de 2013 neste blog.

Estamos dedicando o mês de novembro de 2013 para reflexão sobre o lado da esposa traída pela prostituição, daquela que geralmente é enganada e abandonada pelo marido, quando ele transforma a sua amante profissional de programa em nova esposa oficial.

Pergunta Chave do Mês de novembro de 2013:


Como uma mulher esposa pode superar a dor e o sofrimento da traição e do abandono do marido que trocou ela por uma garota de programa?

O texto abaixo da feminista e ativista dos direitos humanos, Jarid Arraes vai nos ajudar nesta reflexão do mês de novembro.

PROSTITUIÇÃO E TRAIÇÃO
Durante uma conversa sobre prostituição – mais especificamente sobre as chamadas prostitutas “de luxo” do meio universitário, que frequentam discretamente a faculdade muito bem arrumadas e despertam, no máximo, algumas suspeitas nos mais intrometidos – eu disse, em tom de brincadeira, que acho a profissão muito digna.

Fui questionada com indignação e, percebendo a mudança de tom, confirmei que sim, vejo a prostituição como um trabalho nobre.
 

A princípio, defendo essa posição por uma razão bem simples: o corpo é da prostituta, logo, que ela faça o que bem quiser com ele. O direito de ser dona do próprio corpo, independente das suas escolhas ou moralidade, é um principio básico da dignidade da mulher – algo que, para mim, sempre pareceu óbvio.

Afinal, todos os seres humanos devem ser livres para fazer o que desejarem com seus corpos. Não há motivo, então, por que as mulheres não deveriam ter essa mesma liberdade; o valor de uma mulher não deveria depender das atividades sexuais nas quais ela se engaja – ou deixa de se engajar.
Só que para muitas pessoas, o problema da prostituição não se encontra na liberdade com o corpo, e sim na possível influência que as prostitutas exercem sobre os homens “de família”.

Geralmente, essas pessoas questionam: como essa profissão pode ser digna quando elas ganham o equivalente a um salário mínimo em uma única noite enquanto tantas pessoas trabalham um mês inteiro por esse mesmo valor? E o que dizer do fato de que elas fazem com que os maridos de outras mulheres traiam suas famílias e tirem comida das bocas de seus filhos?

Não gosto disso nem um pouco. A começar pelo fato de que nem todas as prostitutas o são porque assim desejam – não dá pra negar a indústria que coíbe muitas dessas mulheres. Mas, principalmente, porque acho inconcebível ocultar a procura do próprio homem pelo serviço e colocar na prostituta a responsabilidade pela traição; como se houvesse qualquer tipo de coação e o pobre homem fosse apenas uma vítima da sedução dessas crápulas.

Quem busca a prostituta é o homem – ou, quem sabe, a mulher – e assim o faz a partir da própria vontade. Os motivos podem ser muitos, mas o ponto principal é que se trata de uma escolha, tomada conscientemente e seguida por uma procura ativa onde o sujeito precisa pegar o telefone ou se deslocar da sua casa para abordar a prostituta.

Sabendo que o suposto “pai de família” optou voluntariamente por pagar uma mulher pelo seu serviço, como culpá-la pelo dinheiro mal utilizado e pela negligência com a alimentação da família? Ora, não faz sentido. Aliás, essa é uma tecla na qual eu bato desde muito cedo: quem quebra o compromisso é que é o traidor e não quem participa da traição.

Claro que aqui caberia todo um debate sobre o que configura traição para cada casal, mas seguindo a linha de raciocínio padrão, foi o homem que se comprometeu com sua esposa, namorada ou noiva; logo, é ele quem deve honrar esse compromisso. A prostituta, que nem sequer conhece a outra parte envolvida e jamais entrou em acordo de fidelidade algum, não pode nem deve se responsabilizar pelo acordo de exclusividade sexual ou sentimental do seu cliente.

Prostitutas não são ou, ao menos, não deveriam ser menos dignas por causa da vida sexual alheia, assim como não são menos respeitáveis devido às suas próprias escolhas sexuais.

Além disso, ainda se hierarquiza o valor dos trabalhos utilizando como critério as classificações de tipo de esforço – físico ou intelectual. Uma mulher que trabalha como coletora pública, profissão popuparlmente conhecida como gari, é uma trabalhadora respeitável e se esforça fisicamente por um mês inteiro para receber um salário mínimo; sabemos que se trata de uma profissão nobre e importante, certo?

E quanto à secretária que trabalha meio período, sentada, para um grande executivo e ganha mais que o triplo de um salário mínimo? Seria esse trabalho menos digno somente porque não exige o mesmo esforço físico, mesmo que o salário seja muito mais elevado? O que dizer então das moças que participam de feiras de automóveis, posando ao lado dos carros e motos, e que são pagas por cada hora em que ficam lá, sorrindo enquanto exibem seus atributos físicos? O quão nobre é esse trabalho?

Por causa do confronto à moralidade, a dignidade do trabalho feminino é desvalorizada hierarquicamente, de acordo com o grau de manifestação sexual apresentada. Talvez porque a liberdade e autonomia sexual das mulheres incomode, já que temos a metalidade de que a prostituta é a responsável pela traição de nossos parceiros praticam; ou, quem sabe, porque aprendemos a tratar prostitutas como seres abjetos cujos sentimentos são irrelevantes. Pode ser porque aprendemos a chamar de burras as mulheres que se enquadram no padrão de beleza e fazem uso profissional de suas imagens.

A verdade é que questionamos demais cada indivíduo sem pensarmos sobre o que há por trás de nossas opiniões e preconceitos.

JARID ARRAES
Diretora do FEMICA,
colunista na Revista Fórum,
estudante de Psicologia,
feminista e ativista pelos Direitos Humanos.